Para com ela escrever
Obra capaz de se ver
Aqui e em toda a parte
Vou cumprindo a minha Arte
Como fraco autor
Vou pedindo ao Redentor
Que me dê juízo
Porque assim me é preciso.
Mas porém
Nasceu Cristo em Jerusalém
Numa Póvoa alpendroada
Viu-se Virgem magoada
Jesus porque não tinha
Sua mãe ali ao pé
E com José
Se viu sozinha.
Mas logo ali acudiu
Um preto e uma Cigana
Jesus neto de Viana, a visitar
Deu o Sol em baixar
Na casa dos espledores
Onde vieram três pastores
A trazer,
A Jesus a oferecer
Muitas fazendas e bens,
Vieram os Santos Reis
Adorá-lo.
Veio a cantiga do galo,
Ali tudo acudiu.
Foi uma Nau que apareceu
Quando o mundo ergueu ao pecado
Aonde o Senhor foi baptizado
No Rio Jordão
Que lhe pôs seu primo João
JESUS DE NAZARÉ
Da Sua sua virtude tem
Temos o mundo cheio de Salvação
E Graça e Fé
Que serve de replé
Para as almas puras
Por cumprir as escrituras
Se obrigou a padecer.
E agora vamos ver
os tormentos que passou
e a gente que sustentou
Com três pães e cinco Peixes
Isto é para que não te queixes
Que não soube repartir
Comeram cinco mil
E ainda sobrou comida
Pois só o Autor da Vida
é que determina
tais banquetes
Deram-se doze ramalhetes
e um lava-pés
Os dez, são os dez congénitos
Judas por trinta dinheiros
Vendeu o nosso redentor.
Foi tão Falso e tão traidor,
Armou esta traição,
Deu o Mestre à prisão
Em casa de Anásis
Deram-se anos de pazes
Onde o Senhor foi concebido,
Entre Algozes metido
E preso.
Era um ódio tão aceso
Que lhes trincavam os dentes
Meus primos e meus parentes
Tal consentiu
O mundo ainda não viu
Um como este padecer.
Era o sangue a correr
E suando
O maldito povo gritando
Bramia
Em altas vozes
Dizia:
"Morra , se morrer nos convém
Morra , que em Jerusalém
Tem delitos".
Eram tantos os gritos do Senhor
Que entrou Pilatus
E sentenciou Cristo.
Ó Mundo que não tens visto
O nosso Santo cordeiro
E com o peso da Cruz caiu no chão.
Rogou por Simão de Judas
Só te peço que me acudas
Como o Filho do Rosário
Que levou a cruz ao Calvário
Cansado,
Onde foi crucificado
À força da violência,
A pedir com toda a paciência
Que o cruzassem de pés e mãos
E talvez que seus passos vãos
O guiassem por maus caminhos
Onde lhe cravaram os espinhos
Na cabeça
Para que o Mundo conheça.
O mar aonde navego
Até lá se achou um cego
O qual dele foi uma lança.
Quem é cego não alcança
A quem a lança feriu.
Esse sangue que saiu
Deu a vista ao cego e viu
São Longuinho.
Foi o sangue da divindade.
Deus deixou-o à Cristandade clarestia
Tanto que o Senhor padecia
Para salvar todo o género Humano
Ainda para mais desenganos
Deixou as cinco chagas abertas
Onde vieram profetas
E por vezes com martelos e torquezes
Para o Senhor despregar
Para o irem sepultar
Para uma sepultura nova.
Foi de crucificado à cova.
Só o Divino encerrou.
Santa mãe de Jesus chorou
Com pesar e compaixão
Chorou o evangelista João
Por não
Ver núpcias
E numa noite de chuva, escura
Vieram três Marias
Buscar Cristo à sepultura.
Saiu um Serafim,
"Cristo não está por aqui"
"Ressuscitou".
Tão glorioso o Senhor
Todo Poderoso
Truinfante à Paixão
Subiu ao Céu de Abraão
Onde lhe batiam as palmas.
À muito que as Almas estão aguardando
Pela santa vinda do redentor
Para irem para o Céu do Senhor
Em companhia do Pai
Onde Deus vai
E o divino Espirito Santo
Nosso Senhor com seu Manto
E as palavras matutinas
e as três pessoas divinas da Santíssima Trindade.
Foi quando o mundo viu
O nosso Reino Universal
Céu , Terra e Mar,
Ali tudo ajoelhou
Foi quando a Virgem ficou pura
Temos a Salvação segura
Do santo Nascimento
do santíssimo sacramento
Que ali é que principia.
Foi o filho de Maria
Que nasceu do Céu e Coroa
É a primeira pessoa
Da Santíssima Trindade.
É o filho de Deus Pai
Que hoje no mundo é nascido
E que foi concebido
Por obra do Espírito Santo.
por o seu Poder ser tanto
É Senhor do mundo inteiro.
Deus é homem verdadeiro
Que se aclama
É a Fé que se derrama
Pela parte penetrina.
É a Fonte da Doutrina Cristã
Aquela que foi a manhã
Que o Sol deu claridade
Foi um Sol de Divindade
Que apareceu.